:: E se fosse você?

Blog para falar sobre tudo, sobretudo, cultivando o bom humor!

segunda-feira, outubro 30

:: A revolta do ventilador

Todos estavam tensos o suficiente para reparar no ventilador aquele dia. É bem verdade que ele nunca era notado e isso parece ter mexido com seus brios. Os alunos compenetrados tentavam fazer a prova. A professora acompanhava cada olhar, cada movimento suspeito. Parecia impossível passar ou receber uma cola aquele dia. O ventilador então decidiu afetar a ditadura hierárquica habitual. Primeiro um barulho diferente. Depois um movimento inesperado e depois pânico e gritaria.

O ventilador despencou do teto fazendo, de uma só vez, meia dúzia de vítimas. A gritaria chamou atenção das salas ao lado. A professora, agora em cima da mesa, tentava colocar ordem na histeria. Os alunos agora tinham uma liberdade incrível para trocar conhecimentos de última hora. O chão havia se tornado um imenso campo de provas abandonadas.

Em minutos, a diretora chegou para tentar resolver o problema. Já era tarde. O ventilador tinha conseguido o que queria: ser visto. Apesar de ter conquistado tudo por meio do derramamento de sangue de inocentes (ou nem tanto). Mas para ele os fins pareciam justificar os meios. Ele esperou sabe lá quanto tempo para viver aquele momento apoteótico. Não demonstrava qualquer remorso pelo ocorrido. Era frio e calculista o danado.

Alunos de outras salas chegavam curiosos para verificar a lista de sobreviventes. Alguns perguntavam preocupados por seus irmãos. Fulano está aí? Sicrano está bem? Na verdade todos estavam aparentemente bem, fora o susto terrível.

O saldo da tragédia, entretanto, era positivo. Os alunos da cola conseguiram notas boas, as vítimas receberam atendimento adequado e foram medicadas com o tradicional sal de frutas salva tudo! A professora, quando conseguiu ser tirada de cima da mesa, retomou a ordem habitual de suas aulas. E o ventilador, que nunca havia sido centro das atenções de nada, foi o assunto principal das rodas de conversa durante uma semana inteira.

sexta-feira, outubro 27

:: O Mixer e a Princesa Isabel

Ultimamente venho refletindo sobre minha preguiça. Tudo começou porque em menos de uma semana duas pessoas que me conhecem bem, sem combinar uma com a outra, disseram na minha cara que eu sempre fui preguiçosa! E devo admitir. Fui e sou! Terrível! Minha lista de preguiça é tão grande que eu posso sair distribuindo o bem pelo mundo que não tem jeito, esse pecado capital vai acabar me condenando.

Diante do medo de não alcançar a salvação eterna, decidi prestar mais atenção na minha preguiça. Controlá-la, assumir o comando. Mas ela é esperta e ainda ganha de mim! Por mais que eu tente, lá estou eu arrumando qualquer desculpa para não fazer alguma coisa. E quando eu odeio fazer essa coisa, piora. Aí é que a preguiça se esbalda. E a preguiça é suprema quando o assunto é cozinhar! Eu já não sei fazer isso direito. Até de me imaginar cozinhando já desperta a terrível e vergonhosa preguiça. Ai! Pronto, desabafei!

Dia desses comprei um mixer. Me achei super moderna. Saí da loja feliz em ser a mais nova proprietária de um mixer que, até hoje, pasmem, não foi usado. Ele está lá, dormindo no armário da cozinha e completará seis meses de não uso. Juro que ainda não sei se vou ter habilidade suficiente para usá-lo algum dia. E mesmo sabendo disso insisti em adquirir o produto.

Anteontem, minha mãe me disse que eu devia ter nascido a Princesa Isabel. Segundo ela, só assim eu teria pessoas suficientes para fazer coisas para mim sem eu precisar me preocupar com nada! Verdade. Eu podia ter sido mesmo. E se fosse, não tinha demorado tanto para assinar a Lei Aurea. Ou talvez tivesse. Vai saber. Essa preguiça ...

quarta-feira, outubro 25

:: Delírios e devaneios

Alguma coisa dizia que ela não devia aceitar o convite. Mas foi mais forte a vontade de ir na festa. Muita gente legal ia estar lá e ela ia junto com vários amigos. Seguiram viagem. Era longe o evento. Tinha que pegar estrada. Foram e chegaram bem.

A festa transcorria animada, era um sítio com espaço de laser agradável. Lá pelas tantas, o pessoal se divertindo, perceberam que alguma coisa se mexia no gramado. Um negócio esquisito, verde, parecendo uma larva gigante. A "coisa" subiu de repente fazendo tremer o chão. Todos correram desesperados. Gritaria e histeria deram lugar ao sentimento de descontração que imperava. Muitos foram surpreendidos e não conseguiram fugir.

A "coisa" então, aparentemente saciada, sumiu. O cenário era de destruição. Quando os sobreviventes do ataque acharam que estavam salvos, um clarão atravessou os céus. Novo tremor, agora não só de terra. Tudo tremia enquanto um gigantesco cometa acertava em cheio o chão do sítio. Novas vítimas e mais gritaria histérica. Os sobreviventes agora temiam que a "coisa" verde voltasse a atacar, atiçada pelo cometa. Então começaram a deixar o local da forma como podiam.

Viu que alguns de seus amigos não estavam. Entrou em pânico. Uma amiga disse: Rápido, vamos sair daqui. Ela foi depois que percebeu que alguns dos convidados pareciam alterados. Não sabia se pelo cometa ou pela "coisa" verde. O fato é que eles pareciam querer transformar os sobreviventes em novas vítimas. Temendo mudar para a ala de vítimas elas sairam correndo pela estrada. Teve início uma perseguição. Parecia que iam conseguir fugir. Mas no meio da estrada esbarraram em um grande amontoado de neve que impedia a passagem. Neve? Pensavam. Como assim? Não era para aquilo estar acontecendo. Era o fim da linha.

Quando a condição de vítima lhe parecia inevitável e irreversível, acordou. Saiu para o trabalho assustada e com medo de olhar para o céu.

terça-feira, outubro 24

:: Pai Cruzeirense X Filha Atleticana

Uma história de apoteose, queda e ascensão

O amor incondicional que une pais e filhos é mesmo inexplicável. Por mais divergências que você possa ter com os seus, não tem nada mais natural do que você amá-los por instinto e eles em troca! Raríssimas devem ser as exceções a essa regra básica. Com meu pai o amor incondicional supera inclusive as barreiras futebolísticas. Somos rivais: eu sou Galo, enquanto ele, coitado, é Cruzeiro. Vai fazer o quê. Ninguém é perfeito mesmo (rs).

Apesar de quê, acho que meu pai é o cruzeirense mais atleticano que já existiu. Deve ter sido o único, por exemplo, que sofreu com o rebaixamento do Galo para segundona. Que ele não me ouça, minha mãe me contou que ele chegou até a chorar na ocasião.

Uma coisa obrigatória entre pais e filhos é uma ida ao estádio de futebol em domingo de clássico. Foi assim que fui pela primeira vez a um apoteótico Atlético x Cruzeiro no Mineirão. E foi nesse dia que meu pai me provou que esse tal de amor incondicional existe mesmo. Ele foi parar no meio da Galoucura só para me acompanhar na torcida. Coisa que jamais vou esquecer.

Primeiro porque ele estava morrendo de medo de eu delatar ele para os atleticanos que, obviamente, lotavam a parte reservada a eles na arquibancada. Até parece que eu ia virar para a torcida e gritar: Olha gente, meu pai é cruzeirense, pega ele! kkkkkk. Depois, porque não satisfeito e ainda cismado de que alguém ia reparar que ele era cruzeirense ele ficava sentado na arquibancada meio sem graça batendo as mãos e gritando Galo (era um grito meio tímido, meio baixo, mas muito engraçado).

Emocionante esse negócio de ir ao estádio. Confesso que fiquei assustada quando o Mineirão parecia balançar 7 pontos na escala Hichter toda vez que o Atlético ameaçava com perigo o gol do adversário. Achei de verdade que a gente ia despencar uma hora qualquer. Meu pai me tranqüilizou explicando sobre o sistema de molas que amortece esses delírios coletivos e impede a implosão dos estádios com a vibração das torcidas.

O segundo tempo foi ainda mais tenso para ele. Ao retornar do banheiro, encontrou o lugar ocupado por um moço que tinha puxado conversa comigo nesse meio tempo. De novo, com receio de provocar alguma situação tensa entre torcedores desconfiados de sua origem azul e branca, ele preferiu ficar na arquibancada de trás, enquanto o menino ocupou definitivamente o posto, sem maiores cerimoniais. O moço ainda me abraçava quando a gente achava que ia ser gol. Normal para a empolgação de torcedores. Mas fico imaginando o que meu pai estava pensando daquilo. Tranquilo demais, ele não reclama, nem fala nada, mas vá saber se pensa. rs. O clássico terminou no 0x0, mas meu pai ganhou, naquele dia, um pouco mais da minha admiração.

Domingo tem Galo em Brasília. Queria que ele estivesse aqui para ver comigo mais uma atuação gloriosa do time (que ele finge que não torce - novamente, que ele não me ouça) rumo ao lugar de onde nunca deveria ter saído. E quem sabe não veria meu pai gritar de novo, ainda que baixinho ... Galo, Galo, Galo!

quarta-feira, outubro 18

:: Tragicomédia

Acordou nervosa com o que ia precisar fazer! Sabia que milhares de pessoas estariam observando seu desempenho no palco. E aquela espinha gigante apareceu no rosto justo na semana em que tinha que estrear a peça. Fatalidade das mais cruéis com aquela jovem que já estava desesperada o suficiente. Durante semanas decorou as enormes e difíceis falas da cena do balcão de Romeu e Julieta. Ia dar branco, pensava. Sonhava com as falas. Não ia dar conta, pensava de novo. Desespero e aflição. E as coisas ainda nem tinham começado a piorar de verdade.

Chegou ao colégio com o frio típico na barriga. Foi ver como andavam os preparativos do cenário. Teria visto os preparativos caso o cenário existisse. A peça ia começar em poucas horas e o que se tinha era um enorme pedaço de papel pardo, algumas canetinhas pretas e muita gente tentando fazer aquilo parecer um balcão, com a famosa sacada e o que mais a arquitetura dos primeiros anos do século XIV exigia. Neste momento fica óbvio imaginar que esse cenário não ia dar certo.

Tentando fazer do papel pardo balcão, a equipe saiu correndo colégio afora para dar tempo de montar o palco. Além do balcão seriam necessários, teoricamente, uma lua e alguns arbustos. Isso era o mínimo, uma vez que Romeu e Julieta citam essas duas coisas em diversas ocasiões da bendita cena. Portanto, é hora de imaginar a situação. Julieta fala: Ah, não jures pela lua, essa lua inconstante que altera todos os meses seu contorno, para que teu amor não pareça também mudado. O fato é que a lua não estava lá. Achava que era mesmo melhor não jurar por alguma coisa que nem estava ali.

Os problemas teriam sido menores se Romeu, que precisava estar escondido atrás de um arbusto durante toda a peça, não estivesse completamente exposto (não pela roupa que ele teria que usar em pleno século XX, mas porque pôde contar apenas com um tímido e fino galho seco). Aqui a cena dramática já tinha ganhado contornos perigosamente cômicos.

Mas o cenário. Ah, o cenário! Como fazer do papel pardo (agora mais parecido com uma figura pós-moderna de tijolos bordados por cerca de 700 mãos diferentes) um balcão digno de Julieta? Dois integrantes da equipe foram forçados a ficar os cerca de 40 minutos que duravam a peça segurando o papel. Teria dado certo se um "voluntário" não fosse pelo menos 1 metro maior do que o outro. Portanto, com um gigante de um lado e um anão de outro, não dava para Julieta se encaixar na janela (sim, existia uma janela) que era um buraco cortado no meio do papel pardo. E ainda tentaram equilibrá-la em cima de várias mesas e cadeiras empilhadas. Tudo para dar o efeito teatral necessário, Romeu embaixo ajoelhado aos pés de uma Julieta inatingível em cima do balcão.

É claro que isso também não deu certo. Portanto, enquanto o professor anunciava a atração, os integrantes da equipe empurravam Julieta para o chão do palco. Teria dado certo se Julieta, impulsionada pelo empurrão, não tivesse carregado consigo um pedaço do frágil muro de papel pardo. Com o cenário agora rasgado, Julieta no chão e Romeu escondido atrás de um galho seco, os coitados deram início às dificílimas falas que a ocasião exigia.

Sem erros nessa etapa, sem brancos, porque aí seria tragédia demais, teria tudo terminado bem se na penúltima fala, em que a ama chama Julieta de volta a seus aposentados, ela simplesmente tivesse esquecido de sua função. Resultado, depois de um minuto de constrangedor silêncio, o próprio Romeu resolveu fazer as vezes de ama e gritou tentando disfarçar a voz: Julieta, Julieta. E ela, fingindo normalidade, vira o rosto e diz, tentando esconder a decepção de mais um equívoco técnico grave: Estou indo, ama!

E foi, para nunca mais voltar! Desde então, tragicomédia maior o teatro não viu!

segunda-feira, outubro 16

:: Adormecidas nada belas

Acabei de relatar uma aventura que vivi em Jacarecica graças ao sono profundo que levou a mim e minha amiga Letícia ao bairro mais perigoso de Maceió. Pois, devo confessar que meus problemas com sono profundo não páram por aí: SIM! EU DORMI DE BRASÍLIA A BELO HORIZONTE E MESMO ASSIM PASSEI DO PONTO FINAL DO ÔNIBUS! Terrível. Segue o relato da saga na íntegra dos fatos.

20h30: Embarque em Brasília. Ônibus dá a largada e começa a seguir viagem. Falo com minha mãe no telefone e aviso que estou partindo para BH.
20h40: Moça do lanche termina de entregar os pacotes com batatinhas e bolinho do Shereck.
20h45: Moço sentado ao meu lado puxa uma conversa. Tentando ser simpática, mexo com a cabeça e falo "hum" para concordar com tudo que ele fala!
20h55: Termino meu lanche.
20h56: Viro para o lado e durmo profundamente.

A partir deste instante tudo é uma incógnita uma vez que não lembro sequer de ter sonhado com alguma coisa. Acho que devo ter, inclusive, permanecido na mesma posição durante toda a viagem.

4h20: Único momento de vaga lembrança. Olho para o relógio. Rapidamente percebo que o ônibus está em movimento e os passageiros estão todos lá. Inicio novamente o processo de sono profundo.

Novo vácuo de memória! Tudo é breu. Segundo relato posterior do motorista o ônibus iniciou desembarque no Terminal JK às 6h30.

7h35: Acordo atordoada! NOTEM. 11 HORAS DEPOIS! Pânico! O ônibus está caminhando mas as pessoas não estão mais dentro dele! Estou sozinha e em movimento.
7h36: Para completar o cenário de desespero, uma lente salta do meu olho. Agora estou esquecida em um ônibus em movimento e cega de um olho.
7h45: Consigo recuperar a lente e colocá-la de volta. Tomo uma atitude definitiva: vou avisar o motorista que a passageira 39 ainda está presente.
7h46: Dou o aviso ao co-piloto. Assustado ele se dirige ao motorista. Segue o diálogo na íntegra.

(passageira adormecida): Oi! Moço! (achei que só tinha o motorista no local)
(co-piloto) - olho arregalado
(passageira adormecida): Fui deixada aqui, moço. Me esqueceram.
(co-piloto para motorista): Tem uma moça aqui dentro.
(motorista para co-piloto): SÉRIO!!!!!!!
(passageira adormecida): Sério, moço! Eu estava dormindo! (começo a rir de nervoso).

Neste momento o motorista pára o ônibus do nada. Já estávamos para lá de Marraqueche (vulgo para lá de Contagem quase em Betim)! Eu, lógico, entrei em pânico e o motorista disse que não iriam me abondonar ali! O motorista então dá meia volta e vamos atrás de um ponto de táxi. Uns vinte minutos depois da meia volta chegamos ao Itaú Power Shopping onde discretamente o motorista acionou a buzina daquele ônibus 747.

Com a singela buzina, toda a frota de taxistas olhou para o local onde eu estava com o co-piloto e o motorista. Todos acenando loucamente e apontando para a pequena mala que estava na minha mão.

Atordoado, um taxista chegou ao local do resgate. Então, acenei para motorista e co-piloto e segui para a rodoviária de BH onde meu pai já estava me esperando e ligando para minha mãe dizendo que eu não tinha aparecido ainda! Pouco alarmada, minha mãe já estava achando que eu estava trancada na garagem do ônibus! Mas eu vou contar uma coisa: FOI QUASE!!!

domingo, outubro 15

:: Achados e perdidos II

Senhora, onde estamos e como fazemos para sair daqui? A senhora olhou para gente com uma cara de horror acompanhada da frase: Minhas filhas, vocês estão em Jacarecica, o bairro mais perigoso da cidade! Que legal! A gente estava longe de tudo e ainda por cima em Jacarecica! Surtamos.

A senhora deu a dica: Peguem o ônibus que vai para o centro. Tem um ponto final seguindo reto essa rua. Fomos. Já super escuro, atravessamos as ruas do bairro mais perigoso de Maceió! O pânico já era visível em nossos rostos.

Chegando ao ponto, a surpresa. Motorista e cobrador estavam dormindo e não havia previsão para o ônibus sair dali. Decidimos esperar na esquina, onde estava mais claro. Detalhe para o bar cheio de homens mal encarados. Nossa situação era precária e piorou. Em seguida um bando de outros mais mal encarados ainda surgiu sabe-se lá de onde. Letícia virou para mim e disse: Escolhe agora. Ou a gente é assaltada ou é estuprada! Quase desmaiei bem nessa hora! Ponto para o cobrador e o motorista que decidiram sair no exato momento em que uma dessas duas coisas terríveis ia acontecer com a gente.

Entramos no ônibus. Ou melhor, pulamos, saltamos, nos materializamos dentro do ônibus de tão rápido que entramos. Por sinal, éramos as duas únicas almas passageiras vivas dentro dele. Uma hora de viagem depois (Exatamente. Jacarecica era longe, bem longe), chegamos ao centro. Isso, doze horas depois de termos iniciado nossa saudável caminhada rumo à civilização. Aff!

E a saga continuou até a UFAL, a Federal de Alagoas, onde estávamos alojadas. Não sei se em toda cidade é assim, mas nas que eu conheço, as universidades federais são bastante distantes do centro. Maceió não é excessão a regra. Lá se foram mais alguns tantos minutos dentro de um ônibus e outros tantos andando no escuro até chegar na sala onde encontramos nossos amigos com cara de: Onde, por misericórdia, vocês duas estavam????????? Contabilizando por baixo umas 20 horas perdidas nesses nossos devaneinos de turismo alternativo vai explicar como? Dormimos. Além do ponto, diga-se de passagem!

:: Achados e perdidos I

Sobreviver a situações de adversidade extrema é uma das características do ser humano. Por diversas vezes já precisei superar momentos difíceis. Mas nada foi mais difícil do que me ver perdida com uma amiga em um lugar ermo localizado em um ponto qualquer do litoral alagoano! Imagine, se ver perdida no meio do nada de um lugar em que você nunca esteve antes.

A saga épica começou mais ou menos assim ... Estávamos em um encontro de estudantes de Comunicação com sede em Maceió. Eu e Letícia, essa amiga, tínhamos decido fazer uma oficina de pintura alternativa abstrata. Um arrependimento que carregamos até hoje, pois concordamos que devíamos ter feito artesanato hippie e iniciado uma vida itinerante e empreendedora no ramo da venda de bijus! O fato é que nesse mesmo dia, por culpa do curso contagiante, perdemos o ônibus que levava os estudantes da PUC-MG para um dia de deleite a beira mar.

A gente não podia perder um dia de turismo em Maceió, sendo assim, descolamos uma carona com um pessoal da Fumec. Nosso plano era descer na praia central, onde certamente nosso pessoal estaria. Mas, a gente ficou realmente deslumbrada com o ônibus da delegação da Fumec. Enquanto o nosso de chamava Garras Turismo (você já pode imaginar como ele era) o do pessoal da Fumec era leito, tinha ar-condicionado e só faltava falar com a gente desejando boa viagem. Não pensamos duas vezes. Utilizamos toda a estrutura que o ônibus oferecia para tirar um pequeno cochilo acolhedor! O problema é que o cochilo se estendeu tanto que acabamos indo parar no ponto final escolhido pelos aventureiros estudantes da Fumec. Digo aventureiros porque eles escolheram uma praia deserta para passar o dia! Quando chegamos e olhamos aquele cenário que mais lembrava "Lost" Letícia veio me falar: Vamos sair daqui agora se não quisermos virar índias! Concordei de imediato. O problema era: Como sair daquela ilha deserta? Sujas de tinta da aula de pintura abstrata e com a idéia fixa de abandonar o local rápido tivemos a "brilhante", mas também desesperada, idéia: Vamos andando pela orla que a gente logo, logo chega à praia central.

Parecia fácil de executar aquele plano. Então, iniciamos a caminhada. No início foi super divertido. O mar ali do lado, a gente andando tranquilamente na esperança de chegar à civilização. Tudo foi ficando pior quando o tempo começou a passar demais e a civilização não chegava nunca. Um certo desespero começou a tomar conta da gente. Mas ainda mantínhamos o bom humor. Tiramos foto em frente a casa em que PC Farias foi assassinado e continuamos a caminhada. Primeiro grande obstáculo. Um grupo de pescadores trabalhava em um local onde a areia havia simplesmente acabado. Era só água para todos os lados. Tínhamos que atravessar aquilo. E fomos. Seria tranqüilo não fosse a forte correnteza que começou a arrastar seriamente Letícia para alto mar. Precisamos do apoio dos pescadores para passar por aquilo tudo. Dramático.

Horas depois avistamos um ser errante e decidimos perguntar onde estávamos. Nem o ser errante sabia nos dizer ao certo. Com o sol já sumindo e dando lugar a uma noite escura e tensa decidimos entrar no primeiro local que parecia, ainda que de muito longe, com a civilização. Encontramos mais um ser errante. Dessa vez uma mulher. Perguntamos: Senhora, onde estamos e como fazemos para sair daqui? A senhora olhou para gente com uma cara de horror acompanhada da frase: Minhas filhas, vocês estão em Jacarecica, o bairro mais perigoso da cidade! Que legal! A gente estava longe de tudo e ainda por cima em Jacarecica! Surtamos. (Continua ...)

quarta-feira, outubro 11

:: As raposas e o Lula

Para entender um pouco melhor o que se passa com os principais personagens do atual cenário político decidi recorrer ao universo das fábulas. As fábulas são ótimas pois nos ajudam, por meio de histórias meigas e simples, a entender de coisas que as vezes estão na nossa cara e a gente simplesmente não consegue ver.

Muita gente por aí anda dizendo que o processo político é novelesco, que as pessoas que concorrem a cargos públicos assumem personas, etc e tal. Devo acrescentar que se for isso mesmo, a performance de Alckimin no último debate podia até render um Oscar, vai (de coadjuvante, na minha opinão, mas renderia). Enfim, seguindo o raciocínio novelesco que vem sendo disseminado pelos principais meios de comunicação brasileiros, comecei a ver que faz um certo sentido entender a lógica política por meio de fábulas. Vejamos o caso da corrida presidencial. Uma coisa que me irrita é ver a tentativa de certos partidos de transformar esse processo democrático em um verdadeiro ringue de vale tudo. E quem acaba apanhando nessa história? O povo!

Vendo e lendo sobre o primeiro debate dos candidatos a presidente nesse segundo turmo imediatamente me ocorreu a possível relação. Pensei: Gente. Esse negócio está parecendo a fábula da Raposa e das uvas. Para quem não conhece essa historinha super meiga, a fábula foi escrita por Esopo (dizem que ele viveu no século VI antes de Cristo, foi escravo na Grécia e especula-se até que ele era corcunda. Sério que eu li isso em uma pesquisa que fiz sobre ele).

Em resumo é assim: Uma raposa morta de fome, viu algumas uvas maduras penduradas em uma viçosa videira. A raposa então usa de todos os artifícios para tentar alcançar as uvas, mas não consegue. Vendo o insucesso de sua empreitada ela parte para a apelação e se limita a criticar as super uvas dizendo que elas eram estragadas e impróprias para o consumo. O que Esopo queria nos ensinar com isso são os riscos que corremos quando assumimos uma postura de vaidade extrema. Isso dificulta o reconhecimento de nossas próprias limitações. Ou seja, desprezar o que não se consegue conquistar é fácil.

Voltando à lógica política eu vejo com clareza quem está fazendo o papel de raposa nessa história. E você? Aliás, são várias as raposas, todas apontado para a uva (ops, Lula) e dizendo que ele não presta, não serve para governar o Brasil, está impróprio para consumo. Mas acho que as raposas estão só cometendo o mesmo erro do qual Esopo quer nos alertar. Essas raposas estão sendo vaidosas demais para entender que o que está em jogo é maior do que a sede delas em alcançar o lugar ocupado pela uva.

Como nunca foi oposição em uma disputa presidencial, acho que o PSDB está errando a mão no quesito críticas e deixando de mostrar para o povo porque devemos acreditar que eles voltarão a governar melhor o Brasil com sua equipe. Particularmente, tenho certeza absoluta de que eles não estão preparados para fazer isso. Para quem ainda duvida sugiro buscar dados e números que comprovam o que estou falando. O que não falta é informação por aí! Dessa forma, digo, com segurança, que não é o Lula que está estragado e sim as raposas é que não estão conseguindo alcançar o que o governo dele alcançou. E olha que se deixar, e precisa, avança mais. Se o avanço precisa ser mais rápido ou não, podemos discutir depois. Quem sabe a fábula da Lebre e da tartaruga não nos ajude a refletir sobre isso também? Ah...Essas fábulas!!!

terça-feira, outubro 10

:: Lembranças, essas lembranças

Tem gente que diz não se lembrar de nada do que aconteceu durante a infância. Alguns guardam vagas lembraças, outros nenhuma mesmo. Eu consigo me lembrar de coisas até em seus mínimos detalhes. Minha mais forte primeira lembrança de infância está alojada nos meus 3 anos de idade. Foi ali que precisei aprender a nadar. Na verdade, precisar aprender não significa necessariamente que eu aprendi (mais tópicos aquáticos aparecerão em outras oportunidades).

Tudo começou com um passeio vespertino pelo recanto do meu avô. Meu tio (sozinho, coitado) decidiu levar a mim e mais um bando de primos para passear naquele dia. Tudo poderia ter corrido bem se uma de minhas primas não tivesse decidido deliberadamente me empurrar enquanto eu estava bem na beira de um lago que era profundo até para alguém de 30 anos, imagina para alguém de 3?

Até do meu penteado de Princesa Léia (sim, minha mãe fez isso comigo) se desfazendo nas águas eu me lembro. Me lembro também de um peixe passando tranquilo sem nem se incomodar com minha presença. Aquele cenário se desfez quando meu tio deu um salto triplo e pulou direto na minha frente. Não deu sequer tempo de comprovar que respirar na água pode ser muito prejudicial. Naturalmente que as pessoas se alarmaram quando voltamos totalmente ensopados daquela situação.

Esse teria sido o acontecimento do dia se a mesma prima que me empurrou não tivesse continuado seu plano maquiavélico para dominar o mundo empurrado uma segunda prima de cima de um muro! Estatelada com as costas no chão, lembro dela com o olhar triste de quem tinha acabado de levar um tombo histórico.

* Para registro: A prima que cometeu essas atrocidades está livre. Depois de ter cumprido penas alternativas é uma mulher recuperada, tem um filho e hoje dedica sua vida a livrar a cara de outras pessoas ligadas a algum tipo de irregularidade. Virou advogada.

segunda-feira, outubro 9

:: De boas intenções ...

Fonte: Folha de São Paulo (09/10/2006)

Angeli é um cara esperto. E convenhamos, para bom entendedor ...

:: Sou um peixe fora d´água! E agora?

Imagine a situação. Você está em um lugar totalmente novo. Acaba de se inscrever em um curso e começa a frequentar as aulas. Você está sozinha (o). Milhares de pessoas totalmente desconhecidas. Com aquela timidez peculiar até para quem nem é tímido você vai buscar informações sobre o curso, sobre as aulas, os horários. Chega a hora de ir para a sala de aula. São várias as salas. Você se informa direitinho sobre onde sua nova turma vai estar. E segue com aquele ar de segurança, disfarçando todo o drama que é se sentir perdido (a) em um lugar totalmente novo!

Finalmente chega na sala. Entra, busca desesperado (a) um lugar para sentar. Cinco segundos depois começa a terrível sensação de que aquela não parece ser a sua turma. O professor já viu você e em questão de segundos você toma a decisão: Vou ficar. E fica, fingindo cada vez mais uma naturalidade insustentável!

As pessoas ao seu redor parecem super a vontade. O professor praticamente sabe o nome de todos os alunos ali. Menos o seu! Aí você vê que não tem jeito: Está no lugar errado meessssssmo! Fica ali, em um dos trinta minutos mais constrangedores de sua vida! Toca o primeiro de dois sinais. Ninguém se levanta. Só você. Quer ir embora correndo dali. Ainda tem tempo de ouvir o professor dizer. Calma gente, eu ainda não acabei! E você sai correndo sem olhar para trás!

Fica aquela terrível sensação de ter passado pela experiência de ser um peixe fora d´água!!!! E o pior de tudo é que alguma coisa te diz que, muito provavelmente, essa não será a última vez em que irá sentir isso na vida!

sexta-feira, outubro 6

:: De como vizinhos podem mudar sua vida!

Quem inventou essa desculpa de pedir xícara de açúcar sabe o que um vizinho representa! Mesmo se não fala com a gente, vizinho é uma figura próxima que influencia muito e pode até mudar nossas vidas. Pois eu estou com um medo danado dos meus! Explico. Não são meus vizinhos de residência, os que moram ao meu lado. Falo dos novos habitantes de Brasília!!!! Os que virão de toda parte do País e se alojarão na cidade pelos próximos 4 anos.

Não sou de Brasília. Portanto, sou mais uma vizinha intrusa dos brasilienses. Mas devo dizer que se eles vivem essa mesma sensação tensa que estou vivendo agora, de quatro em quatro anos, a expectativa de vida aqui tem que ser mais baixa do que a média nacional!!!! E muito estressante!

Tudo começou quando decidi ler a lista de deputados federais eleitos por estado. Imagina qual não foi minha reação, só para ficar nos escolhidos pelo eleitor de São Paulo, quando descobri que virão para cá de uma só tacada: Paulo Maluf (com pompa de mais votado), Clô (Clodovil. Ele mesmo. Acho que dispensa comentários) e ... Frank Aguiar (nesse estou sem acreditar até agora). Não vou aqui questionar nenhum tipo de ideologia política, partidária, nem mesmo a competência, ou não, dessas pessoas em suas naturais áreas de atuação. Excetuando Maluf, porque esse a gente sabe do que é capaz na política, né? Ou não? Bom, os quase 800 mil eleitores dele não devem ter ficado convencidos da culpa do indivíduo em diversos cartórios. Eu, particularmente, acho que vai ser dificil desse Congresso acrescentar.

Dizem por aí que Clodovil deu entrevista recente avisando que não vai votar nada em favor de nenhum destentado. Disse que não vai morar em Brasília, vai ficar aqui só terça, quarta e quinta (bom para mim que corro menos risco de esbarrar com ele por aí). E olha que eu nem tenho nada contra o Clô! Até acho esse espírito polêmico dele popular, divertido, mas não para a política, convenhamos!!!! E tem mais. Ele tem projeto de fixar residência em Ubatuba e no momento está interessado em chegar a Brasília para conhecer os móveis de seu gabinete! Não sei quanto a você. Mas eu espero pouco da atuação dele no Congresso.

Enquanto isso, Sérgio Miranda, um dos mais importantes parlamentares e um dos 100 mais atuantes do Congresso, segundo Diap, extremo conhecedor e defensor de uma Reforma da Previdência justa que não massacre os trabalhadores, perdeu em Minas! Triste!

Outros bons nomes estão vindo para cá. Mas devo dizer com pesar que vi poucos em quem realmente credito alguma confiança. Sendo assim, esse segundo turno, que mais está parecendo uma briga de torcida dos Lula X Alckimin, não é a coisa que mais devia preocupar o povo brasileiro. Com esse Congresso formado eu já estou preocupada há muito tempo!

Isso porque fiquei só nos novos integrantes da Câmara. Tenho medo também do que pode acontecer com o Senado. Depois dessas eleições o Senado corre um sério risco de ficar mal assombrado. Para quem não entendeu a preocupação um dia eu explico. O fato é que eu estou realmente com muito medo dos meus novos vizinhos!

:: Do lodo ao caos

Quem nunca levou um tombo em público não sabe o que é se sentir vulnerável! 95% dos meus acontecem ao ar livre e SEMPRE contam com a simpática presença de milhares de pessoas por perto.

Um dos meus piores tombos aconteceu na pré-adolescência. E esse é um período super delicado. É justamente quando a gente tenta se afirmar para a sociedade como indivíduo maduro e seguro de si. Aos 12 anos todo mundo está cheio de dúvidas e inseguranças mas sai pelas ruas como se fosse o último baluarte da maturidade. E foi assim, do alto da minha profunda experiência de vida que saí para acompanhar uma prima ao dentista.

Estávamos no interior do interior de Minas. A cidade da minha avó. Sempre me diverti lá. Exceto por esse dia. rs. Tinha acabado de chover no local. Saí com uma calça amarelo ovo de moletom. Sinceramente não sei aonde estava com a cabeça quando saí com aquela calça. Mas antes com ela que sem nada, né? Vamos olhar o lado positivo da questão. No caminho, quase chegando ao dentista, tivemos que passar por uma rua onde o passeio era bem estreito e era dominado por árvores. Era tanta árvore que seria necessário usar um facão para fazer picadas e abrir caminho. Uma selva densa. E eu, com meus 12 anos, super madura, decidi usar o passeio como único meio viável de passagem.

Ignorando as ruas desertas da cidade pacata ainda tive tempo de negligenciar os chamados da minha prima para abandonar o passeio. Passei pela mata que ... estava cheia de lodo! Caí entre o tronco da árvore e a parede da casa ao lado do dentista. Estava tão perto. Nessa hora, nesse exato momento, a rua deserta ficou cheia de adolescentes ciclistas que me viram estatelada no chão. A dona da casa saiu na janela para ver o que estava acontecendo. O rebuliço já estava formado.

Tentei uma, duas, três vezes e aquele lodo idiota ficava me impedindo de levantar. Lodo que é verde, por sinal. Lembra que minha calça era amarelo ovo??? Pois é! Me lembro bem da moça na janela gritando: - Vai, você vai conseguir! Enquanto eu continuava me debatendo naquele espaço infeliz e apertado me agarrando ao tronco da árvore como se fosse o último refúgio do Samurai! Foi horrível.

Quando finalmente conseguiram me tirar daquela situação (detalhe para o fato de que os adolescentes ciclistas voltavam a toda hora ao local para ver se o espetáculo ainda continuava) lá estava eu de calça amarelo ovo com enormes feixes verdes de lodo circundando toda a região glútea!!!!

Trauma! Lógico. Afinal eu tinha que ir ao dentista com minha prima naquele estado e voltar para a casa da minha avó a pé. O episódio foi um dos piores pesadelos pré-adolescentes da história. Só me lembro da frustrada tentativa de fingir naturalidade na volta para a casa ... reforçando ... A PÉ.

Usando da prerrogativa do figurino verde-amarelo desci as ruas da cidade cantando baixinho: Brasil! Brasil! Brasil! Se isso tivesse acontecido durante a Copa do Mundo talvez não tivesse sido tão ridículo, mas era Natal e tudo o que eu queria era o saco do Papai Noel para enfiar na cabeça. Rou, rou, rou!

:: O aterrorizante mundo animal

Tenho uma relação delicada com os animais. Gosto deles, não resta dúvida. A maioria em seu habitat natural. Tenho restrições e limites. E eles parecem saber disso porque estão sempre me pregando peças. E assim vou me tornando o alvo predileto de alguns seres impregnantes. Já fui vítima de sapos, morcegos e sim já sofri o impressionante ataque de um cão voador. Mentira? Relatarei todos os fatos. Para que não fiquem dúvidas.

Domingo. Mãe, primas e eu. Todas reunidas em um aconchegante quarto na inocente casa da minha avó. Cenário mais que meigo. Conversa vai, conversa vem no interior de Minas. E no interior do quarto, jurava que estava ouvindo um insistente coachar, muito próximo. Alertei minhas colegas de quarto. Nenhuma, eu disse, nenhuma deu importância ao fato. Diante da indiferença, permaneci calada e neurótica, recolhida em meu leito, tentando acreditar que aquilo era só coisa da minha cabeça mesmo. Não era. Na verdade, estava na cabeça, mas não dentro. Depois do boa noite (só se foi pros outros) virei para o lado. Não desmaei porque só tive tempo mesmo de pular da cama para a mesa da sala da minha avó. Isso é longe. Eu teria ganhado na modalidade de salto olímpico. Tudo porque o sapo, obra da minha imaginação fantasiosa, estava simplesmente no meu travesseiro!!!!!!!!!! Vc tem noção????? Tem a mais pálida noção do que é ver um sapo a 2 cm do seu rosto? Quem inventou esse negócio de beijar sapo para virar príncipe não sabe o que é ter um sapo por perto. Se eu precisar fazer isso para encontrar meu príncipe, morrerei solteira e FELIZ!!! É sério!

Acha que é só. Isso porque não contei a do morcego. Noite bonita em Dunas de Itaúnas. Paraíso ecológico. Lugar perfeito. Se tivesse que ter uma casa de praia seria lá. Mas não seria a casa em que eu e minhas amigas ficamos hospedadas naquela temporada. Lembro de muito pouco do episódio. Foi tudo rápido mas suficientemente dramático. Fui estender uma simples toalha no quintal da residência. Estava escuro e eu tinha a sensação de que precisava ser rápida com aquilo. Queria sair logo dali. Mas o morcego foi mais veloz. Lembro de barulho e de uma pressão como se alguma pedra tivesse me atingido. Olhei para baixo. Na lapela da minha jaqueta uma coisa que parecia um broche preto me chamou a anteção. Como não usava broche naquele dia, levei a mão até o corpo estranho que para meu desespero, tinha vida. O broche preto abriu as asas. O primo do Batman ainda teve tempo de olhar para mim. Eu sei que eles meio que não enxergam. Mas ele me olhou nos olhos. Ameaçador. Óbvio que eu gritei. E todo mundo da casa veio correndo ver o que era. Eu fiquei em estado de choque. Juro! Foi horrível! Foi dramático! Foi, foi, foi! Aaaaaaaahhhhhhhh! Não gosto nem de lembrar. Tive que tomar água com açúcar e o escambal para me recuperar daquele momento que só não foi pior do que o ataque do cão voador.

12 de setembro de 2001. Um dia depois dos atentados às Torres Gêmeas. Na outra América, essa do Sul, estava eu comentando, como o resto do mundo, sobre os atentados na cantina lotada da faculdade. Repare no lotada. Porque quando eu falo lotada é lotada mesmo. Eu e uma amiga, testemunha deste fatídico episódio, decidimos retornar para a sala, deixando para trás a multidão de alunos e os comentários sobre o terrorismo e suas novas facetas. Há uns cinco passos dali, mal sabia eu que seria vítima de um cachorro voador kamikase. Não é que do alto de sei lá de onde, sofri um ataque. A princípio achei que alguém tinha me jogado uma mochila. Porque a última coisa que eu ia pensar era que um cachorro tinha caído do segundo andar do prédio de Comunicação em cima de mim. Mas foi isso. A suposta mochila emitiu um som tipo "caim". E quando eu olho para o lado o tal cachorro meio que resmungando e indo embora mancando. Teria eu frustrado seus planos de suicídio??? Mas isso nem foi o pior. O pior foi contar o episódio para as pessoas e todas ficarem mais preocupadas com estado de saúde do cachorro do que com o meu!!!!!!!!!! Mas como eu sobrevivi para contar a história, acho que as pessoas pré-consideraram que eu estava bem.

Tenho ou não problema com o mundo animal? Isso porque eu nem mencionei outras histórias. Teve uma vez que eu mobilizei o seu Paulo, meu vizinho de quase 90 anos, para matar uma bruxa que encontrei no meu quarda-roupa. Juro. A bruxa parecia um casaco novo, de tão grande que era. Seu Paulo foi heróico. Tentou afugentar a bruxa. Mas ela com seu aguçado extinto de sobrevivência foi se esconder atrás do meu armário. Naquele dia, a porta do quarto ficou trancada, até meu pai ir lá e tirar a dita cuja. Não deixei ele matar. Os bichos me assustam, mas ainda prefiro eles vivos.