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segunda-feira, outubro 30

:: A revolta do ventilador

Todos estavam tensos o suficiente para reparar no ventilador aquele dia. É bem verdade que ele nunca era notado e isso parece ter mexido com seus brios. Os alunos compenetrados tentavam fazer a prova. A professora acompanhava cada olhar, cada movimento suspeito. Parecia impossível passar ou receber uma cola aquele dia. O ventilador então decidiu afetar a ditadura hierárquica habitual. Primeiro um barulho diferente. Depois um movimento inesperado e depois pânico e gritaria.

O ventilador despencou do teto fazendo, de uma só vez, meia dúzia de vítimas. A gritaria chamou atenção das salas ao lado. A professora, agora em cima da mesa, tentava colocar ordem na histeria. Os alunos agora tinham uma liberdade incrível para trocar conhecimentos de última hora. O chão havia se tornado um imenso campo de provas abandonadas.

Em minutos, a diretora chegou para tentar resolver o problema. Já era tarde. O ventilador tinha conseguido o que queria: ser visto. Apesar de ter conquistado tudo por meio do derramamento de sangue de inocentes (ou nem tanto). Mas para ele os fins pareciam justificar os meios. Ele esperou sabe lá quanto tempo para viver aquele momento apoteótico. Não demonstrava qualquer remorso pelo ocorrido. Era frio e calculista o danado.

Alunos de outras salas chegavam curiosos para verificar a lista de sobreviventes. Alguns perguntavam preocupados por seus irmãos. Fulano está aí? Sicrano está bem? Na verdade todos estavam aparentemente bem, fora o susto terrível.

O saldo da tragédia, entretanto, era positivo. Os alunos da cola conseguiram notas boas, as vítimas receberam atendimento adequado e foram medicadas com o tradicional sal de frutas salva tudo! A professora, quando conseguiu ser tirada de cima da mesa, retomou a ordem habitual de suas aulas. E o ventilador, que nunca havia sido centro das atenções de nada, foi o assunto principal das rodas de conversa durante uma semana inteira.

1 Comments:

At 11:29 AM, Blogger Paulo Morais said...

Quer dizer então que eu joguei merda no ventilador e agora você está com pulga atrás da orelha?

Esquenta não, também estou em crise jornalística! Mas nós vamos chegar lá! Assim como o ventilador, um dia seremos notados!

 

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