:: E se fosse você?

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domingo, outubro 15

:: Achados e perdidos I

Sobreviver a situações de adversidade extrema é uma das características do ser humano. Por diversas vezes já precisei superar momentos difíceis. Mas nada foi mais difícil do que me ver perdida com uma amiga em um lugar ermo localizado em um ponto qualquer do litoral alagoano! Imagine, se ver perdida no meio do nada de um lugar em que você nunca esteve antes.

A saga épica começou mais ou menos assim ... Estávamos em um encontro de estudantes de Comunicação com sede em Maceió. Eu e Letícia, essa amiga, tínhamos decido fazer uma oficina de pintura alternativa abstrata. Um arrependimento que carregamos até hoje, pois concordamos que devíamos ter feito artesanato hippie e iniciado uma vida itinerante e empreendedora no ramo da venda de bijus! O fato é que nesse mesmo dia, por culpa do curso contagiante, perdemos o ônibus que levava os estudantes da PUC-MG para um dia de deleite a beira mar.

A gente não podia perder um dia de turismo em Maceió, sendo assim, descolamos uma carona com um pessoal da Fumec. Nosso plano era descer na praia central, onde certamente nosso pessoal estaria. Mas, a gente ficou realmente deslumbrada com o ônibus da delegação da Fumec. Enquanto o nosso de chamava Garras Turismo (você já pode imaginar como ele era) o do pessoal da Fumec era leito, tinha ar-condicionado e só faltava falar com a gente desejando boa viagem. Não pensamos duas vezes. Utilizamos toda a estrutura que o ônibus oferecia para tirar um pequeno cochilo acolhedor! O problema é que o cochilo se estendeu tanto que acabamos indo parar no ponto final escolhido pelos aventureiros estudantes da Fumec. Digo aventureiros porque eles escolheram uma praia deserta para passar o dia! Quando chegamos e olhamos aquele cenário que mais lembrava "Lost" Letícia veio me falar: Vamos sair daqui agora se não quisermos virar índias! Concordei de imediato. O problema era: Como sair daquela ilha deserta? Sujas de tinta da aula de pintura abstrata e com a idéia fixa de abandonar o local rápido tivemos a "brilhante", mas também desesperada, idéia: Vamos andando pela orla que a gente logo, logo chega à praia central.

Parecia fácil de executar aquele plano. Então, iniciamos a caminhada. No início foi super divertido. O mar ali do lado, a gente andando tranquilamente na esperança de chegar à civilização. Tudo foi ficando pior quando o tempo começou a passar demais e a civilização não chegava nunca. Um certo desespero começou a tomar conta da gente. Mas ainda mantínhamos o bom humor. Tiramos foto em frente a casa em que PC Farias foi assassinado e continuamos a caminhada. Primeiro grande obstáculo. Um grupo de pescadores trabalhava em um local onde a areia havia simplesmente acabado. Era só água para todos os lados. Tínhamos que atravessar aquilo. E fomos. Seria tranqüilo não fosse a forte correnteza que começou a arrastar seriamente Letícia para alto mar. Precisamos do apoio dos pescadores para passar por aquilo tudo. Dramático.

Horas depois avistamos um ser errante e decidimos perguntar onde estávamos. Nem o ser errante sabia nos dizer ao certo. Com o sol já sumindo e dando lugar a uma noite escura e tensa decidimos entrar no primeiro local que parecia, ainda que de muito longe, com a civilização. Encontramos mais um ser errante. Dessa vez uma mulher. Perguntamos: Senhora, onde estamos e como fazemos para sair daqui? A senhora olhou para gente com uma cara de horror acompanhada da frase: Minhas filhas, vocês estão em Jacarecica, o bairro mais perigoso da cidade! Que legal! A gente estava longe de tudo e ainda por cima em Jacarecica! Surtamos. (Continua ...)