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terça-feira, novembro 14

:: Promessa do vôlei

Lembrou de quando freqüentava as aulas de vôlei. Era daquelas crianças que a mãe colocava para fazer de tudo. Aula de inglês, de jazz, de “socila”, de piano e vôlei. Era alta, então todo mundo achava que ela ia levar jeito para coisa. Até levaria se não tivesse uma estranha preguiça de treinar. Gostava mesmo era da farra da brincadeira. Do vôlei jogado, tirando todas aquelas técnicas e regras que complicavam tudo. Chegou a competir em campeonatos interestaduais, incluindo jogos na capital mineira.

Era a levantadora. Virou titular da posição porque não tinha muito impulso para o ataque. Apesar da altura, bloqueava pouco. Levava mesmo jeito era para levantar e por ali ficou.

Em um dos campeonatos que disputou com seu time, foram à final. O ginásio certamente iria estar lotado. O jogo seria em casa. Um dia antes, foram treinar em uma quadra emprestada. O treino foi puxado. Pelo menos ela achou. Foi buscar uma bola difícil e a joelheira falhou. Foi com tudo no chão da quadra e o joelho sofreu as conseqüências daquele suposto ato de bravura. Acabou virando dúvida para o jogo da decisão. No fundo era bem isso o que queria. Assim teria um motivo nobre para não ter que enfrentar mais o ginásio lotado. Mas não teve jeito. A junta médica liberou para jogo. Teve que enfrentar a platéia de pais, mães e possíveis paqueras; todos de olho no time.

Tentava se concentrar nas jogadas. E assim foi levando. Estavam ganhando quando chegou a segunda metade do terceiro tempo. Dois sets a um. Uma bola difícil na entrada da rede. Achou que dava. Se jogou. Conseguiu colocar a bola em jogo, mas o joelho sofreu de novo. Comoção. A treinadora pediu tempo. Saiu carregada da quadra. A mãe sabia que aquele devia ser o plano dela para sair do jogo e nem se preocupou. Nunca reconheceu isso oficialmente, nem para ela mesma, mas a verdade era que o plano tinha dado certo e ela pôde acompanhar o final da partida da confortável situação de reserva contundida.

Não fosse aquela estranha preguiça de treinar, poderia até ter chegado à seleção brasileira e jogaria amanhã, às 3 horas, a semifinal contra Sérvia e Montenegro. Ou talvez fosse dúvida por alguma lesão misteriosa na coxa direita.

1 Comments:

At 7:48 PM, Blogger Paulo Morais said...

Hahahahahah, gostei!

 

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